Quando eu resolvi que ia mesmo sair de casa, largar a na teoria melhor faculdade de Arquitetura particular de São Paulo, eu tinha uma série de conjuntos que resultavam nessa decisão, mas sei que o maior deles era poder ter a chance de tentar um Ciências sem Fronteiras e viver fora do Brasil, coisa que eu sei que seria impossível que meus pais ou eu com salário de estagiária bancasse. Não me importo com o que os outros digam, se fiz bem ou mal, fiz o que achei que me faria mais feliz.
Faz 4 meses que cheguei em Ouro Preto, e um que moro sozinha. Não conhecia ninguém quando cheguei aqui, e não sabia nem onde era a padaria mais próxima. Aprendi demais nesse tempo todo. Coisas boas e ruins. Desde a cuidar de uma casa a aprender a hora de parar de beber. Coisas que eu concordo que poderia ter aprendido em São Paulo, mas jamais teriam o mesmo impacto que teve comigo ter aprendido aqui, sozinha.
A gente aprende que a saudade aumenta, a vida do passado não existe mais, e talvez o mais estranho: tudo o que você deixou pra trás continua, e sem você. Existe alguém no escritório que trabalha no meu lugar, a cada dia que passa meu irmãozinho que vi nascer se torna um homem, meus amigos continuam se encontrando toda semana e a minha turma da antiga faculdade tá a cada dia mais perto de pegar o diploma. Tudo isso depois que eu fui embora. Perdi encontros, aniversários, brincadeiras que por mais que me contem, eu nunca saberei como foi viver aquilo. É o preço que se paga por começar de novo.
Acho que eu tinha a ingenuidade de acreditar que se eu fosse embora, o mundo ia continuar igual. Acontece que o meu mundo que antes já era dois (a Kamila de São Paulo, e a Kamila da casa da vó em Minas), agora virou três, com a Kamila de Ouro Preto. E o mais engraçado é que por mais que eu quisesse voltar e retomar minha vida do jeito que ela era antes da minha matrícula, eu nunca conseguiria, porque uma parte de mim já está em tudo o que eu vivi depois que eu fui embora. Uma parte de mim está em cada um dos lugares, e os três lugares juntos e separados formam a Kamila. E eu não saberia viver em qualquer um dos três, sem sentir saudades dos outros dois.
E vai ser assim sempre. Saudade é uma coisa bizarra. Você sente saudade da vida que era, naquele momento. Mas nem sempre viver de novo resolveria esse sentimento. Por mais que você tente e coloque todas as pessoas juntas de novo, no mesmo lugar de antes, cada um passou por diversas coisas que mudou a forma de agir, pensar, inclusive você. E estamos sujeitos a isso desde crianças, e a cada dia mais. Quando você muda de escola, namora, entra na faculdade, muda de emprego, sai da casa dos pais, se casa, quando seus filhos saírem de casa...
A cada dia que a gente vive, deixamos de ser quem éramos ontem, e somos um pouco mais hoje. Somos um pouco de tudo o que vivemos, e do que queremos e buscamos viver. Antes de sair de casa, eu achava que quando eu morasse sozinha, seria o ponto de equilíbrio entre meus dois mundos. Hoje, vejo que não adianta tentar fugir. Eu sempre vou criar um mundo a mais.
A cada dia que a gente vive, deixamos de ser quem éramos ontem, e somos um pouco mais hoje. Somos um pouco de tudo o que vivemos, e do que queremos e buscamos viver. Antes de sair de casa, eu achava que quando eu morasse sozinha, seria o ponto de equilíbrio entre meus dois mundos. Hoje, vejo que não adianta tentar fugir. Eu sempre vou criar um mundo a mais.
Conhecer pessoas novas, e morar sozinho é uma experiência maravilhosa. Só estou dizendo o lado que as pessoas não conhecem, ou preferem fingir que não sabem. Você pode ser quem você quiser no seu mundo novo. Mas nunca mais voltará a ser quem era antes de tudo isso. Nem você e nem o mundo.
Mas de todos os meus medos, o maior deles é de um dia ser só lembrança. Alguém que foi e não soube como voltar pra algum desses mundos. Alguém que esqueceu quem foi um dia. Alguém que se perdeu no tempo. E pra isso não tem remédio nem fórmula. Pode ser que aconteça ou não.
Não importa se estou em Ouro Preto, São Paulo, Guaraciama ou em algum mundo que eu ainda não conheço. Em todos eles, eu vou deixar de viver uma coisa, pra viver outra. Não que eu vá me arrepender. Mas sempre uma parte de mim vai perder alguma coisa, boba talvez, como um abraço de pai e mãe, mas só quem não tem, sabe o quanto vale.
Esse texto foi inspirado em "O que acontece quando você vive no exterior", e mesmo que eu nunca tenha ido pra fora do Brasil, a sensação que eu tenho é exatamente a mesma.
Não importa se estou em Ouro Preto, São Paulo, Guaraciama ou em algum mundo que eu ainda não conheço. Em todos eles, eu vou deixar de viver uma coisa, pra viver outra. Não que eu vá me arrepender. Mas sempre uma parte de mim vai perder alguma coisa, boba talvez, como um abraço de pai e mãe, mas só quem não tem, sabe o quanto vale.
Esse texto foi inspirado em "O que acontece quando você vive no exterior", e mesmo que eu nunca tenha ido pra fora do Brasil, a sensação que eu tenho é exatamente a mesma.
É duro viver sozinha, vc ter que fazer absolutamente tudo e na hora que mais precisa não ter alguém ao lado, mas saiba que vc vai amadurecer ainda mais e ficará mais forte, mais guerreira
ResponderExcluirÓtimo dia!
Big Beijos
Lulu on the sky
Ao passar pela net encontrei seu blog, estive a ver e ler alguma postagens
ResponderExcluiré um bom blog, daqueles que gostamos de visitar, e ficar mais um pouco.
Eu também tenho um blog, Peregrino E servo, se desejar fazer uma visita
Ficarei radiante se desejar fazer parte dos meus amigos virtuais, saiba que sempre retribuo seguido
também o seu blog. Deixo os meus cumprimentos e saudações.
Sou António Batalha.
Eu sempre tive vontade de sair pra estudar, fazer intercambio mas nunca tive digamos a oportunidade no momento certo. E tenho certeza que a saudade de casa e o aprendizado fora dela seria um peso constante no dia a dia. Mas como tudo tem seus dois lados né.
ResponderExcluirhttp://blogstyledrops.blogspot.com.br/